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As torgalices de D. Januário

por LFP, em 19.02.16

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Declarações A.C. (Antes do Costa):

17/09/2011 (Ano 5 A.C.)  – “Tenho vergonha do meu País” 

17/02/2012 (Ano 4 A.C.)   – “Este Governo é profundamente corrupto” 

06/06/2012 (Ano 4 A.C.)   – “O Bispo das Forças Armadas confessou à TSF estar «profundamente chocado» com os agradecimentos de Pedro Passos Coelho à paciência dos portugueses.” 

01/03/2013 (Ano 3 A.C.)   – “Governo está a semear a miséria” 

18/01/2014 (Ano 2 A.C.)   – “Católicos deste Governo não deviam comungar “ 

05/02/2014 (Ano 2 A.C.)   – “Este Governo devia cair” 

16/09/2015 (Ano 1 A.C.)   – “Não tenho dúvidas de que António Costa tem toda a razão” 

 

Declarações D.C. (Depois do Costa):

28/12/2015 (Ano 1 D.C.)   – “Pinto da Costa provoca inveja e perseguição” 

19/02/2016 (Ano 1 D.C.)   – “D. Januário Torgal Ferreira defende uso de contracetivos” 

 

O ser humano é um animal político e o D. Januário não é diferente. Mas o D. Januário também é Bispo da Igreja Católica, e é na sua qualidade de Bispo que invade o espaço mediático para dizer as alarvidades que lhe apetecem. Se não fosse Bispo, seria taxista, diria as mesmas alarvidades mas ninguém, a não ser os clientes, lhe passaria cartão. 

 

Mas este é o Bispo fofinho da esquerda, por isso nada a dizer. Se fosse um Bispo da direita, era ultramontano, retrógrado, fascista, pedófilo, tinha participado activamente na inquisição e queimado Câncios na fogueira.

 

Leitura complementar:

08/06/2012 (Ano 4 A.C.)   – “D. Januário ganha 4.400 euros por mês, mas diz que "trabalha de graça"” 

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Sobre a natureza dos cortes na função pública, nada como dar a palavra ao Ministro das finanças que os fez em 2010:

Teixeira dos Santos: "(...) a redução dos salário, em média de 5%, é operada em 2011, e é para manter-se a partir de 2011. É para ficar, como é evidente, não é?"

José Sócrates: "Claro!(...)"

 

Lá se vai a mentira do João Galamba sobre quem enganou a Comissão Europeia sobre a natureza dos cortes salariais na Função Pública!

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Como estamos no novo PREC, a camarada Rita Lee explica a Esquerda e a Direita aos fascistas que andam confusos:

 

Esquerda é um livro

Direita é esporte

Esquerda é escolha

Direita é sorte

 

Esquerda é pensamento

Teorema

Direita é novela

Esquerda é cinema

 

Esquerda é imaginação

Fantasia

Direita é prosa

Esquerda é poesia

 

A Esquerda nos torna

Patéticos

A Direita é uma selva

De epiléticos

 

Direita é cristão

Esquerda é pagão

Direita é latifúndio

Esquerda é invasão

 

Esquerda é divino

Direita é animal

Esquerda é bossa nova

Direita é carnaval

Oh! Oh! Uh!

 

Esquerda é para sempre

Direita também

Direita é do bom

Esquerda é do bem

 

Esquerda sem Direita

É amizade

Direita sem Esquerda

É vontade

 

Esquerda é um

Direita é dois

Direita antes

Esquerda depois

 

Direita vem dos outros

E vai embora

Esquerda vem de nós

E demora

 

Esquerda Direita é cristão

Esquerda é pagão

Direita é latifúndio

Esquerda é invasão

 

Esquerda é divino

Direita é animal

Esquerda é bossa nova

Direita é carnaval

Oh! Oh! Oh!

 

Esquerda é isso

Direita é aquilo

E coisa e tal

E tal e coisa

Uh! Uh! Uh!

Ai a Esquerda

Hum! A Direita

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Enquanto não há acordo...

por LFP, em 27.10.15

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O PS no dia 27/10 - 23 dias depois das eleições (via O Observador):

 

  • 9h :19 m  - Parece que o acordo está na mesma está a evoluir:

 

As negociações entre o PS e os dois partidos mais à esquerda, PCP e Bloco de Esquerda, continuam, mas a eliminação a pronto da sobretaxa de IRS parece estar fora das contas dos socialistas. (…)

 

Já a redução do IVA sobre a eletricidade, dos atuais 23% para 6% exigida pelo BE, não deverá entrar nas contas do PS, que estima que esta medida renda aos cofres do Estado 175 milhões de euros anualmente.

 

 

  • 10h : 48m - Cavaco uniu o PS :

 

O dirigente socialista Álvaro Beleza defende uma revisão constitucional cirúrgica que permita a realização de eleições presidenciais e legislativas antecipadas no mesmo dia, em 2016.

 

(…)

 

“Pode haver uma revisão constitucional, se houver uma maioria de dois terços, para desbloquear isto”, propõe. “Íamos a votos e haveria uma bipolarização, que até é saudável em Portugal, em que o PS poderia até apresentar-se em coligação com os partidos à esquerda e a direita apresentava-se coligada”, sugeriu Álvaro Beleza.

 

Quanto ao acordo à esquerda, o dirigente nacional do PS defende que Bloco de Esquerda e PCP tenham representantes no Conselho de Ministros. “Eu acho que um acordo sólido tem que ter todos dentro do Conselho de Ministros, porque senão pode acontecer aquilo que eu já alertei para os perigos deste entendimento, além de ser uma razão programática, porque eu acho que aquilo que nos diferencia do PCP e do Bloco é maior do que aquilo que nos diferencia do PSD. Mas, para além disso, eu acho que o risco aqui é ser o abraço do urso ao PS”, explicou.

 

  • 11h : 11m - Porfírio Silva risca a AD dos livros de história da democracia parlamentar

 

O dirigente do PS, Porfírio Silva, responde esta terça-feira ao deputado Nuno Encarnação, do PSD, que no Económico escreve que a eleição de Ferro Rodrigues para Presidente da Assembleia da República desrespeita “a tradição parlamentar que sempre deu essa presidência ao partido com maior representação parlamentar”.

 

Pior do que os maus argumentos é a mentira. Embora, convenhamos, nem sempre é possível distinguir em definitivo a mentira da ignorância”, refere Porfírio Silva no Facebook, publicando uma foto de Francisco Oliveira Dias, ex-deputado do CDS que foi presidente do Parlamento em 1981. “Aconselho ao senhor deputado a consulta da página do portal da Assembleia da República que deixo abaixo. Será que o CDS alguma vez teve a maior representação parlamentar?!”, termina.

 

 

  • 11h : 16m - Paulo Pedroso diz que as notícias da sua morte políticado radicalismo dos partidos radicais são exageradas:

 

A propósito das lutas históricas do PS e PCP, o ex-dirigente e ex-ministro socialista, Paulo Pedroso, defende que “cada um tem o dever de se libertar do passado para continuar a ser capaz de separar bem o que está certo do que está errado”.

 

O que está certo são as boas ideias e não o sítio onde as pessoas estiveram na esquina anterior da história em que elas estiveram em causa. Pensando assim pode olhar-se mais positivamente o futuro, seja a pensar o governo, a justiça, quaisquer outras instituições ou simplesmente a viver as nossas vidas quotidianas”, defende no Facebook.

 

 

  • 11h : 33m - PS partilha um relógio digital para fazer a contagem regressiva para o final do mandato do fascista do filho de um gasolineiro de Boliqueime que teve mais votos que a frente de esquerdaPresidente da República:

 

Um contador em tempo real que indica o tempo que falta para o fim do mandato de Cavaco Silva está a ser partilhado por vários socialistas nas redes sociais. Nota: faltam 133 dias.

 

 

 

  • 12h: 06m - A ex-ministra da Educação do governo de Sócrates, recentemente condenada por abuso de poder por titular de cargo público, acha que a coligação vai destruir pela 7658ª7659ª vez o Estado Social:

 

A ex-ministra da Educação do PS, Maria de Lurdes Rodrigues, defende que “a agenda das políticas de defesa do Estado social opõe hoje, como nunca no nosso passado recente, esquerda e direita” e “é a recusa daquela agenda pela direita que torna impossível qualquer entendimento entre PS e PSD”. Num artigo de opinião no Público, considera que “é a necessidade de a concretizar que torna desejável e urgente a aliança à esquerda hoje possível”.

 

(…) “O que hoje está em causa em Portugal é a igualdade como valor social. Igualdade que é posta em causa por um modelo de desenvolvimento económico assente em baixos salários e na desqualificação dos recursos humanos, bem como na degradação das condições de trabalho de milhões de portugueses e na destruição de serviços públicos e de prestações sociais. O que está em causa é a necessidade de diminuir as desigualdades sociais e económicas. O que está em causa é a defesa do Estado social, construído com o esforço de muitas gerações de portugueses e que, pela mão da coligação de direita, está em risco de desmantelamento”, sustenta.

 

 

  • 13h : 20m - António Costa reage ao novo governo no Facebook, com a confiança de quem já tem um acordotem o acordo bem encaminhado com PCP, BE e Verdes:

 

O Partido Socialista já reagiu nas redes sociais. Com um comentário na página oficial de António Costa no Facebook, utilizada durante a campanha às legislativas de outubro, o PS diz que a constituição do Governo mostra que a coligação não tem futuro e que tem consciência disso mesmo:"A constituição do governo que acaba de ser anunciado pela direita é uma clara demonstração de continuidade sem evolução."

 

 

  • 14h : 14m - Catarina Martins diz que o novo governo tem os dias contados porque as negociações à esquerda estão fechadasestão muito bem encaminhadas:

 

A declaração da deputada socialista Ana Catarina Mendes foi ao encontro da mensagem colocada na página de António Costa. Consideram ser um Governo “de curto prazo”, com “os dias contados”. Ana Catarina Mendes também criticou as escolhas para as pastas, fechadas sobre si mesmas. “É mais do mesmo”.

 

(…)

 

Ana Catarina Mendes afirmou ainda que as negociações à esquerda “estão a ser muito produtivas”, sem querer adiantar mais.

 

 

  • 15h : 56m - Sampaio da Nóvoa diz que está vivo e que faria o que disse que faria:

 

Sampaio da Nóvoa: se houver acordo, António Costa deve ser "inevitavelmente indigitado" primeiro-ministro.

 

 

  • 16h : 22m - PS elege nova direção da bancada parlamentar. Esta inclui 15,3% dos 85 deputados socialistas, isto se considerarmos que o Tiago Barbosa Ribeiro, o Pedro Nuno Santos e o João Galamba ainda se sentem confortáveis numa bancada "apenas" socialista. 

 

  • 16h : 26m - Maria de Belém acha que este governo tem os dias contadosque o Ministério da Cultura é uma boa ideia:

 

“Eu acho que a elevação da cultura à categoria de ministério sublinha a importância que a estruturação de um povo na sua matriz cultural e na abertura ao mundo e ao cosmopolitismo têm”, assinalou Maria de Belém à margem da visita ao Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC).

 

(…)

 

Maria de Belém referiu ainda que competirá agora ao parlamento apreciar o governo e o programa de governo. “Transfere-se agora a apreciação do governo e do programa do governo para o parlamento e aí é o parlamento que tem a última palavra”, realçou.

 

 

  • 16h: 59m - PS diz que este governo não tem futuro e que vai chumbar o seu programadesafia coligação a apresentar as contas do seu programa de governo:

 

 “O PS considera fundamental que o Governo PSD/PP apresente uma avaliação do impacto das medidas do seu programa, sem o qual não é possível avaliar a sua consistência com o cumprimento dos compromissos orçamentais”, afirmam em comunicado os socialistas, garantindo que nunca viabilizarão um Governo e um Orçamento que não cumpra as regras orçamentais da UE.

 

“Face a notícias que tem vindo a público acerca das implicações orçamentais do acordo entre o PS e o BE, PCP e PEV, o PS reafirma que as regras orçamentais serão cumpridas. No atual momento, o PS entende que o processo político deverá centrar-se no programa do Governo indigitado PSD/PP e nas consequências económicas e sociais para o país que decorrem das medidas nele contidas”, sustenta.

 

 

  • 17h : 14m  -  Parceiro de coligação do PSCatarina Martins concorda com discorda de Paulo Pedroso, e diz que, afinal, o passado importa, e que é uma vergonha que o novo Ministro da Administração Interna tenha defendido o amigo de Mário Soares Ricardo Salgado:

 

Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda, já reagiu à composição do novo Governo PSD/CDS. “Não deixa de ser extraordinário como Pedro Passos Coelho e Paulo Portas não deixam de surpreender mesmo nestes momentos, porque aparentemente escolheram quem defendeu Ricardo Salgado junto do Banco de Portugal ministro da Administração Interna”, começou por dizer a bloquista, referindo-se à nomeação de Calvão da Silva para ministro da Administração Interna.

 

Em dezembro de Calvão da Silva foi um dos juristas que atestou a idoneidade de Ricardo Salgado no caso do presente de 14 milhões de euros atribuído pelo construtor civil José Guilherme a Ricardo Salgado. Na altura, Calvão da Silva justificou o gesto, com os argumentos do “espírito de entreajuda e solidariedade” e da “liberalidade”.

 

  • 19h : 55m – Mário Nogueira a defender os interesses dos professores ser sectarista, quer que a carreira política da nova ministra da Educação e Ciência seja mais longa que a carreira docente do próprio Mário Nogueira:

 

Já Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), desejou que a vida política da nova ministra da Educação não ultrapasse os 10 dias. Mesmo lembrando que o que está em causa não é Margarida Mano, mas sim a continuidade da linha política assumida pelo Governo PSD/CDS, Mário Nogueira deixou claro que espera “que em novembro, no Parlamento, os deputados rejeitem este Governo”, porque o “programa da coligação é de continuidade com as políticas que foram seguidas nos últimos anos de destruição da escola pública e dos direitos dos professores”.

 

  • 20h : 01m – Arménio Carlos continua a mostrar a coesão da o que divide a frente de esquerda:

 

(…) Essa “mudança de política”, como pede Arménio Carlos, “tem de ser a sério, não só nas palavras, nos atos”. Além do aumento do salário mínimo nacional para 600 euros e da contratação coletiva, o líder da CGTP salientou, como um divisor de águas, a importância da atribuição de um subsídio social aos desempregados que perderam já o direito a qualquer apoio do Estado.

 

“Estes são temas que sabemos que são fraturantes, que do ponto de vista teórico todos estamos de acordo porque toda a gente fala da pobreza e da importância do combate à pobreza, mas depois quando chega à altura é mais difícil. E nós estamos na altura difícil, altura de confrontar e de resolver problemas difíceis”, defendeu, pedindo que “um compromisso que estabeleça parâmetros mínimos de resposta aos problemas”.

 

Arménio Carlos aproveitou, no entanto, para deixar um recado: “Não nos peçam, que isso não fazemos, é para deixarmos de ser aquilo que somos para facilitar determinado tipo de medidas que eventualmente alguns possam pensar desenvolver para, com o beneplácito da CGTP, por em causa direitos e interesses dos trabalhadores. Isso não fazemos”, declarou.

 

 

  • 21h : 48m – Sampaio da Nóvoa critica o seu apoiante Jorge Sampaio o Presidente Cavaco Silva por não ter um nível suficiente de Independência:

 

António Sampaio da Nóvoa falou ainda do discurso de Cavaco Silva, “uma espécie de uma apontar o dedo a Portugal” que o deixou “chocado”. Para o antigo reitor e agora candidato a Belém, as palavras do Presidente da República contribuíram para a criação de “focos de perturbação e de confrontos diversos que não são bons para o interesse nacional. “Provavelmente, se houvesse um Presidente com outro nível de independência, não teríamos chegado à crise que chegamos hoje”.

 

“Portugal não precisa de um Presidente que toma partido e que toma partido sempre pelo seu partido. Não precisamos mais disso. Precisamos de alguém que seja capaz de alguém de olhar com isenção, independência e bom senso. Alguém que seja capaz de construir pontos. Portugal precisa desesperadamente de alguém que construa pontes”, disse ainda Sampaio da Nóvoa.

 

 

 

Digam lá se isto não tem tudo para correr bem mal?

 

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O que quer António Costa?

por LFP, em 14.10.15

 

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Recuemos a julho de 2014. António Costa, então Presidente da Câmara de Lisboa, tinha acabado de desafiar António José Seguro pela liderança do PS. Já com primárias marcadas, justifica em Valongo esse mesmo desafio: "Eu sei que muitas vezes se diz que por um se ganha e por um se perde. É verdade, no futebol é assim. Na política não é assim. É que a diferença faz muita diferença, na política. É que quem ganha por poucochinho é capaz de poucochinho. E o que nós temos de fazer não é poucochinho. O que nós temos de fazer é uma grande mudança".

 

Esta declaração era de alguém que aspirava uma liderança forte para o ainda maior partido da oposição mas que, simultaneamente, colocava a fasquia muito elevada perante todos os socialistas e todo o eleitorado. O país, cansado de um programa de ajustamento fortíssimo parecia estar aí à mão de semear depositando esperanças messiânicas em alguém que sempre soube cultivar uma imagem de rigor e sobriedade, quer nos cargos que exerceu, quer no seu papel de comentador televisivo. Costa jogou forte e jogou tudo pois tinha a certeza que a vitória nas legislativas não poderia fugir ao PS e que a imagem que tinha de si próprio era suficiente para garantir uma maioria absoluta.

 

Infelizmente “estas coisas” acontecem. E “estas coisas” são os primeiros (frágeis) indícios de uma recuperação económica, por um lado, e a necessidade de Costa começar a elaborar uma ideia para o país, não no confortável papel de comentador, mas sim como candidato a primeiro-ministro. E, azar dos azares, ter que ser confrontado com o contraditório quer de adversários políticos, quer da comunicação social. E todos vimos a teia de contradições em que se enrolou.

 

Sejamos claros: Costa apostou tudo na mais-valia que ele pensava que tinha enquanto figura de primeiro-ministro. Não foi o seu programa o elemento diferenciador, foi a sua imagem. Era isso que o separava de Seguro. Falhou! Pior, foi a exatamente sua imagem que fez com que o PS perdesse aquilo que alguém chamou de “eleições mais fáceis de sempre”. Foi António Costa que dispersou os votos de quem estava descontente com a coligação, e foi ele que ajudou o BE de Catarina Martins a ter o resultado histórico que teve. Foi a sua imagem de amadorismo e incompetência, apenas. Foi ele, mais que o PS, o grande derrotado de dia 4 de outubro.

 

Claro que, numa realidade paralela onde o político António Costa tivesse espinha dorsal, a primeira coisa que teria feito era demitir-se do cargo de Secretário-Geral do PS. Mas não. Costa, quando começou a intuir que, afinal, a vitória não era “favas contadas”, estabeleceu um novo plano para assegurar a sua sobrevivência política (pois é disso que, doravante, ele vai tratar). Caso a coligação não obtivesse a maioria absoluta dos deputados, como não obteve, estava preparada a encenação.

 

Ponhamos as coisas no seu lugar. Jerónimo e Catarina, que passaram toda a campanha a dizer que o programa do PS era de direita não tiveram um desvio ideológico repentino. Nisto há um interesse, e esse interesse é puramente táctico. Para eles o PS é um naco apetitoso de eleitorado e, caso se concretize a tal “Frente de Esquerda” composta por um governo exclusivamente socialista e com apoio parlamentar das três bancadas (quatro, se quisermos incluir os Verdes), vão manietar em conjunto o PS fragilizado por uma liderança altamente desacreditada fora e dentro do partido. Da minha parte, tudo bem, se isso não implicar levar o país a um quarto resgate. Enquanto, como cantava o Chico Buarque, “está bonita a festa, pá”, o meu bolso vai agradecendo. Na altura de pagar é que são elas. E eu não tenho de pagar a recusa do Dr. António Costa em perceber que estar morto é o contrário de estar vivo.

 

Ignoremos os desvios de direita de BE e CDU, ignoremos que eles andaram a enganar os eleitores quando diziam que queriam a saída do Euro, que queriam uma renegociação unilateral da dívida, que recusavam as metas do Tratado Orçamental, a saída da NATO, a saída da UE ou a nacionalização imediata da banca e de sectores estratégicos. Ignoremos tudo isso, pois enganar os eleitores é algo apenas reservado à direita, não é coisa que “gente séria” da CDU ou “de pé” do BE faça. Façamos fé na sua boa vontade em se entender com um PS e procurar uma solução de esquerda para o País. E entre eles? Quando e onde, nos últimos 15 anos, CDU e BE se juntaram, se coligaram, para defender os diversos valores que partilham? Não conheço nenhum caso. Em lugar algum. Vejo-os sempre mais dispostos a fazer acordos com o PS ou até com PSD e CDS que entre si. Vai ser uma coligação com uma dinâmica engraçada de seguir.

 

Nesta sequência façamos agora um exercício adicional de ignorância. Ignoremos também que uns 15% dos deputados do PS não querem a tal Frente de Esquerda. Façamos de conta que Sérgio Sousa Pinto e Ascenso Simões, só para citar dois nomes que até eram muito próximos de Costa, vão cumprir a disciplina de voto e viabilizar o governo PS com apoio parlamentar à esquerda. Recordemo-nos que o PS em conjunto com o BE ou a CDU isoladamente tem sempre menos deputados que a coligação, logo nem sequer é permitida a abstenção de qualquer um dos grupos parlamentares da Frente de Esquerda para viabilizar as medidas do governo. Têm todas, necessariamente, que votar a favor.

 

Como irá um secretário-geral que já tem dificuldades em lidar com o seu próprio grupo parlamentar, coordenar-se com os grupos parlamentares de PCP, BE e Verdes durante uma legislatura inteira? Especialmente se eles tiverem a faca e o queijo na mão para derrubar o governo quando lhes parecer propício? Boa sorte a tentar domá-los..

 

É este o projeto governativo estável que António Costa tem para apresentar ao Presidente da República? Imagino a gritaria que haveria se fossem os partidos do centro-direita a apresentar tal solução. Foi por isto que o PS nunca quis esforçar-se por encontrar um entendimento com a coligação? Não, não foi por nada disto.

 

Respondendo à pergunta inicial, Costa apenas quer ser primeiro-ministro e salvar a pele política a todo o custo, nem que para isso tenha que arrastar o país inteiro com ele. Pois que faça bom proveito. Mas tenhamos sempre em mente que, segundo a lógica do ungido António Costa, tal como quem ganha por poucochinho é capaz de poucochinho, também quem perde claramente não será capaz de coisa alguma.

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Ser Valupi ou não ser Jacinto

por LFP, em 21.01.15

"To be, or not to be, that is the question:
"Whether 'tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them? To die, to sleep,
No more; and by a sleep to say we end
The heart-ache, and the thousand natural shocks
That flesh is heir to: 'tis a consummation."

                                                          - William Shakespeare, "The Tragedy of Hamlet, Prince of Denmark"

 

Mais valia teres ficado quieto e a sofrer em espírito, ó Valupi. Mas eu compreeendo, andas transtornado há já dois meses. Por isso vou ser solidário contigo e afirmar que JE SUIS VALUPI!

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As taxas e as taxinhas

por LFP, em 12.11.14

Imagem roubada aqui ao Vitor Cunha 

 

Isto pode parecer de somenos importância, mas não é.

 

Não, não se trata do valor. Não, não se trata de ser ou não uma forma de reduzir os incómodos causados aos lisboetas pelo turismo. Nada disso.

 

Os problemas que emergem da “Taxa Costa” são de outra ordem. Vejamos:

 

a)   Sob o ponto de vista político, o PS vem apresentando António Costa como sob uma capa messiânica, com poderes muito para além dos de um comum mortal (o dobro da distância se o mortal for incomum, como, por exemplo, o António José Seguro). O antigo nº. 2 de José Sócrates pertence, aparentemente, a outra estirpe de políticos, daqueles que já não existem, com a magnitude moral dos notáveis que, a 4 de Julho de 1776, rubricaram a Declaração de Independência das 13 colónias inglesas da América do Norte. Ele vai repor as injustiças causadas pela Troika e pelos seus vassalos neoliberais do governo PSD/CDS. Ele vai repor as pensões. Ele vai diminuir os impostos. Ele vai criar emprego. Ele vai melhorar os serviços públicos. Ele vai fazer e trazer investimento. E, melhor ainda, tudo isto vai mesmo acontecer porque Ele (imbuído do espírito messiânico já escrevo “ele” com maiúscula se se tratar de António Costa), dizia eu que Ele não mente!

 

 b)   Isto seria o melhor dos mundos possíveis. Não correremos, portanto, o risco de que um qualquer cidadão que a 4 de Junho de 2013 afirma que não irá aplicar nenhumas taxas sobre o turismo, e que no orçamento municipal de 2015 proponha justamente o oposto, chegue alguma vez a S. Bento. Até porque, como referimos em a), Ele não mente. Dir-me-ão “Ah, e tal, ó Luís, e estes que tu apoias não fizeram o mesmo?” Fizeram pois! Mas não são O Messias. São políticos. E os políticos defraudam as expectativas dos cidadãos desprevenidos. Fazem promessas que não vão cumprir, quer por inocência, quer por falta de coragem, quer para ganhar votos. Eu sei disso, e quem ainda não o percebeu é tolo. A ideia deve ser sempre que, entre mortos e feridos, se leve esta nau Catrineta a um porto onde, futuramente, não se tenha de pagar tantos erros deste presente.

 

c)   Vejamos então a aplicabilidade da Taxa. Cada cidadão não-residente em Lisboa passará a pagar, só pelo usufruto do equipamento municipal que é o Aeroporto da Portela, um singelo eurito. Isto mesmo que se desloque logo de seguida para o seu local de residência, seja ele Sintra, Setúbal ou Sobral-de-Monte-Agraço. E eu refiro “equipamento municipal” não por lapso de escrita. Não, não. Ao ser cobrada a dita taxa a um qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, que aterre na Portela, mesmo que o seu destino ou objectivo não seja o turismo na capital, está, de facto a pagar pelo usufruto de um equipamento que, por mero acaso (e um pouco de bom senso… ná, se calhar foi mesmo só mero acaso), ainda está na Portela, e não na Ota ou em Rio Frio.

 

Mas o pior é o indignómetro socialista. Meus amigos, então vocês sentem-se indignados por haver críticas à Taxa Costa? Vocês acreditam, sinceramente, que o facto de ser uma taxa com o selo de qualidade PS a torna mais ou menos justa? A torna diferente, mais fresca e fofa no Verão e aconchegante no Inverno? A sério?

 

É claro que exemplos disso não faltam nos últimos anos. Por exemplo, recordemos 1992, quando o governo do Cavaco subiu em 50$00 o valor da portagem da ponte, a revolta que houve (encabeçada pelos camaradas camionistas e traficantes irmãos Pinto que, quem sabe, ainda não vão partilhar momentos mais íntimos numa cela com o então ministro da administração interna, Dias Loureiro), lembram-se? E quando o governo seguinte, do António Guterres, aumentou a portagem em mais 50$00 no ano de 1996, e a indexou à inflação? Que protestos houve? Bloqueios? Buzinões? Cargas policiais? Nada disso, tudo na paz do senhor, porque esta era uma taxa-boa-de-esquerda, empregue para “fazer cenas”, por oposição à taxa-má-de-direita do Cavaco, que servia para entregar “aos interesses instalados”. Agora pagamos 330$00 (1,65 €) e não bufamos.

 

E podia falar das propinas no ensino superior, nos exames nacionais, etc. Tudo na dicotomia bom-de-esquerda, mau-de-direita.

 

A sério, parem lá com essas coisas, sejam um bocadinho mais humildes. Não estejam já a pensar que as eleições de 2015 já estão no papo, e que são apenas uma mera formalidade para o vosso regresso ao poder. Não são, e não fiquem azedos por haver quem o diga.

 

No essencial, as coisas não vão ser diferentes do que estão agora. Vamos continuar a ter de pagar a falência para onde nos conduziram com o dinheiro dos nossos impostos porque vão ter ainda menos coragem que o PSD/CDS para fazer a reforma do estado. E terão menos coragem porque o grosso da administração pública é eleitor do PS. E porque sabem que qualquer tentativa de fazer as coisas de forma diferente vai esbater no Palácio Ratton.

 

Olha uma ideia: querem ser messiânicos? Querem mesmo fazer as coisas de maneira diferente? Sentem-se à mesa com propostas sobre o que correu mal, e melhorem o que correu bem. Assim é que vão mesmo ser diferentes. Não é com taxas e taxinhas nem arrogâncias baratinhas.

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Pequeno interlúdio musical

por LFP, em 09.10.14

 

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Teste

por LFP, em 09.10.14

Todo um novo ramalhete de opiniões em 3..., 2..., 1...

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